15 frases para inspirar jornalistas

Ao ver as 15 frases para inspirar jornalistas selecionadas pelo site 100,000 Words, não pude deixar de colocá-las aqui no blog!

Confira o post:

É fácil encontrar ladainhas das coisas erradas com o jornalismo de hoje ou os tratados de rumores e motivos, está morrendo. Esta não é uma dessas listas. Em vez disso, aqui está uma coleção de citações de inspirar jornalistas e homenagear aqueles que forjam o futuro.

Enquanto você as lê, sinta-se livre para substituir o jornal com o site e imprimir com o post, e assim por diante. Pense menos sobre a escolha de palavras específicas e mais com a verdade subjacente.

“O jornalismo irá te matar, mas irá te manter vivo, enquanto o estiver exercendo”.
– Horace Greeley

“Um bom jornal, suponho eu, é uma nação falando para si própria”. – Arthur Miller

“O jornalismo nunca pode ficar em silêncio: Esta é a sua maior virtude e o seu maior defeito. É preciso falar, e falar imediatamente, enquanto os ecos da maravilha, as alegações de triunfo e os sinais de horror ainda estão no ar”.
– Anatole Henry Grunwald

“As coisas ruins não acontecem para escritores, mas é tudo material”. – Garrison Keillor

“Não concordo com o que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo”. – Voltaire

“Eu ainda acredito que, se seu objetivo é mudar o mundo, o jornalismo é uma arma mais imediatas de curto prazo”. – Tom Stoppard

Escrever bem significa nunca ter de dizer, ‘Eu acho que você tinha que estar lá“.  – Jef Mallett

“Quanto menos você sabe, mais você acredita”. – Bono

De longe, o melhor prêmio que a vida oferece é a chance de trabalhar duro no trabalho que vale a pena“. – Theodore Roosevelt

Leia, todo dia, algo que ninguém está lendo. Pense, todo dia, algo que ninguém está pensando. Faça, todo dia, algo que ninguém seria tolo o suficiente para fazer. É ruim para a mente sempre fazer parte da unanimidade“.  – Christopher Morley

“A escrita dá-lhe a ilusão de controle, e então você percebe que é apenas uma ilusão, que as pessoas estão indo para trazer seu próprio material para ele”.
– David Sedaris

“Notícia é o que alguém quer suprimida. Tudo o mais é publicidade. O poder é definir a agenda. O que nós imprimimos e o que nós não imprimimos é muito importante”. – Katharine Graham

“Eu me tornei um jornalista a chegar o mais perto possível do coração do mundo”.
– Henry Luce

“O futuro não se encaixa nos contentores do passado”.  – Rishad Tobaccowala

“Em tempos de profunda mudança, os aprendizes herdarão a terra, enquanto os ensinamentos encontram-se muito bem equipados para lidar com um mundo que não existe mais”.  – Eric Hoffer

 

 

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Sobre o filme O Grito

por Daniela Nunes

Apesar do que muitos acham, sempre considerei os filmes O Grito I (2004) e O Grito II (2006) muito bons.  Sem apelar para mirabolantes e complexos recursos tecnológicos de vídeo, o diretor Takashi Shimizu conta uma boa história, torna sua narrativa muito mais real e assustadora, e ainda foge do modelo do “happy end” americano. Optar simplicidade e colocar os efeitos especiais em segundo plano, sem dúvidas, são alguns dos grandes méritos desses longas.

Com narrativas não-lineares e flash backs que contextualizam as situações e amarram o passado ao presente de modo competente, Shimizu faz um filme simples e compreensível e explora ao máximo as expressões faciais dos atores, principalmente as de Takako Fuji (a fantasma Kaiako), e as usa em enquadramentos repentinos e bem fechados; além de trabalhar bastante em cima das performances contorcionistas dessa atriz. Apesar das diversas cenas em que a japonesa se movimenta incrivelmente, uma que merece destaque pela sutileza: aquela em que a mão da personagem aparece atrás da cabeça de Sarah Michelle Gellardo, que interpreta Karen Davis. Foi uma cena em que não houve nenhum tipo de efeito, apenas a precisa movimentação de Takako.

Seus vultos e aparições são criados de uma forma que nos lembram da ruim sensação de quando, num relance, temos a impressão de ter visto “alguém/algo” passando. Tais cenas junto àquela do O Grito 1, em que a fantasma surge exatamente dos pés da cama de uma das personagens e vai subindo lentamente, trazem uma ideia que causa tensão e incômodo em muita gente e mexem com um tipo medo “coletivo”, por assim dizer, que está no inconsciente ou consciente das pessoas. Um medo trabalhado por outros  filmes, mas talvez criado por frases usadas de brincadeira, como “Olha, se eu morrer, volto para puxar seu pé à noite“.

Outro importante ponto no O Grito é a falta de solução para a maldição “Ju-On” – em questão na narrativa – e, com isso, a também falta um final feliz para a história. Nesse filme, o problema é apresentado, mas sua solução está além do poder humano. Não há nada que os personagens possam fazer para dominar e vencer a maldição mostrada. E as pessoas que entram em contato com ela, inevitavelmente, dentro de pouco tempo, morrem. Uma inexorabilidade que gerou um desconforto em muitos espectadores.

Dentro da temática da história é válido levantar a questão da utilização do cabelo na trama. Durante muito tempo procurei entender o por quê da importância desse elemento. Primeiro, pensei que ele pudesse estar relacionado com o mito/maldição “Ju-On” que fala que pessoas que morreram em grande fúria ou mágoa ficam presas a esse sentimento e ao local onde sofreram isso, descontando seu ódio naqueles que forem a tal lugar. Só que as explicações dadas pelos diretores sobre essa crença não falavam nada a respeito de cabelo. Também cheguei a imaginar que pudesse ter a ver com o tipo de morte que Kaiako teve, e devido ao trauma que isso causou, esse passou a ser um de seus “poderes” para atormentar e matar as pessoas. Entretanto, logo vi que essa hipótese estava errada.

Passei muito tempo atrás de explicações, até me esclarecerem que o cabelo é um ‘símbolo’ de força em diversas culturas – exatamente como no mito de Dalila e Sanção -, daí ele ser usado como um poder, uma arma. Entretanto, apesar de Toshio, filho de Kayako, estar preso à mesma maldição, esse personagem não tem tal característica.

Esse foi um ponto que não entendi. Assim como também não entendi o por que,  no primeiro filme, esse personagem estava com a cor da pele normal, em diversos momentos (mesmo depois de morto), e depois, no segundo, havia ficado azul. Será que os fantasmas japoneses ficam azuis com o passar do tempo??? Fica a dúvida.

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O que motiva a busca pela beleza? [vídeo]

por Daniela Nunes

Vinícius de Moaes dizia “as feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”. Parece que as brasileiras levaram essa frase a sério e colocaram o Brasil entre os países que mais realizam cirurgias plásticas.

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A venda da saúde através de panfletos

abril/2009

A distribuição de panfletos pelas ruas é um recurso muito usado na divulgação de inúmeros serviços no centro de Belo Horizonte, mas infringe o Código de posturas da cidade. Além de se enquadrarem nessa violação e também transgredirem o Código de Ética dos Odontologistas, a panfletagem de folhetos e cartões de visitas de clínicas e consultórios, que faz qualquer menção a valores, é considerada agressiva para a promoção da área da saúde e desvaloriza a profissão dos dentistas. Essa é a opinião do presidente do Sindicato dos Odontologistas de Minas Gerais (Somge), Luciano Eloi Santos, e de outros profissionais da área.

Edwin Despinoy (à esquerda) e Luciano Eloi Santos (à direita)

Segundo o presidente do Somge, um dos problemas é o modo como a divulgação dos serviços odontológicos está sendo feita, uma vez que esse tipo de propaganda vulgariza a imagem do cirurgião dentista. Ele lembra que perto de um de seus consultórios, localizado no centro da capital, o mesmo homem que grita ‘corte de cabelo!’, logo em seguida anuncia ‘dentista!’, como se não houvesse nenhuma distinção entre os dois serviços. Já o diretor do Somge, Edwin Despinoy, relata já ter visto até propaganda que prometia aceitar vale-transporte como forma de pagamento. Porém, tanto Luciano quanto Edwin concordam que, para além dessas questões, há uma maior: a citação de valores nas propagandas, algo proibido pelo CRO.

O presidente da seção Minas Gerais da Associação Brasileira de Odontologia, Carlos Augusto Jayme Machado, concorda

que há uma variedade muito grande de anúncios sendo feitos simultaneamente aos dos dentistas, e cita as propagandas de compra e venda de ouro e de salões de beleza. “Acho que não há essa necessidade dessa panfletagem da forma como ela é feita. Se você for fazer uma divulgação muito bem feita, com respeito, uma coisa muito correta, isso gera um custo muito alto”.

E se não for para fazer um material publicitário mais elaborado para ser distribuído, é preferível não fazer nenhum, como afirmam as dentistas Danielle Lopes e Carolina Vieira, ambas formadas há cinco anos. Segundo elas, a dona da clínica onde trabalham preferiu não optar por esse recurso e a divulgação do local é feita através do famoso “boca-a-boca” e da distribuição de cartões de visitas (que não tem todas as especificações exigidas pelo CRO) entre os clientes, amigos e parentes. As profissionais sabem que a concorrência e a panfletagem de outros lugares são grandes. Mas elas não se importam com isso e contam que atendem até com mais carinho por saberem que a maioria das pessoas que vão lá, vão por indicações. Só na Rua Tamoios, no quarteirão entre Avenida Amazonas e Rua Curitiba, onde as dentistas trabalham, existem mais quatro clínicas.

As profissionais tem ciência que o ato de panfletar é proibido e anti-ético e afirmam que os donos de muitas clínicas também sabem, mas “nem ligam” de pagar as multas cobradas pela prefeitura.

Segundo o responsável pelo Setor de Fiscalização do CRO, Antônio Augusto de Barros, por causa de um panfleto, o profissional, em um primeiro momento, é autuado e, caso continue a agir dessa forma, pode até ser suspenso de suas atividades por infração ética. Mesmo quando o responsável pela panfletagem é o dono da clínica, como observa o presidente do Somge. As punições profissionais são decididas pelo conselho, de acordo com cada tipo de transgressão.

Edwin lembra que a relação profissional / cliente deve ser baseada na confiança e não no custo do serviço, já que a odontologia não é uma atividade comercial. É uma profissão da área da saúde. De acordo com ele, quando há a referência ou alusão a valores através de frases como “orçamento grátis” e “preços ao seu alcance” ou até mesmo a explicitação de formas de pagamento, a clínica ou o consultório passam a vender exclusivamente o preço e não da qualificação profissional dos odontólogos que lá trabalham.

Para o diretor, ao oferecer um tratamento com um custo inferior, alguns procedimentos podem ser negligenciados na qualidade do serviço, no controle, na assistência e até no relacionamento com o próprio paciente. Edwin afirma que muitas vezes, os pacientes dessas clínicas são pessoas de baixo poder aquisitivo e podem ser iludidos pelo preço e se submeter a determinado tipo de tratamento que muitas vezes decorre de uma exploração de um empresário, que não é um cirurgião-dentista, e só está interessado no dinheiro, explica.

Edwin ainda acrescenta que diversos donos de clínicas impõem métodos de trabalho que, muitas vezes, se confrontam com as normas técnicas e científicas preconizadas. “Cumprir normas de biossegurança, utilizar equipamentos compatíveis com o tipo de tratamento custa dinheiro e, muitas vezes, os preços cobrados são inferiores ao custo desses materiais e manutenção dos equipamentos”, destaca.

Segundo Antônio Augusto, a referência a preços é considerada uma infração ética, seja ela feita em panfletos, folders e até em livros de planos de saúde, porque existe um valor mínimo para fazer cada procedimento odontológico. “Quando o preço é muito baixo, muitas vezes, não há condições básicas de salubridade no local. Mas não podemos tirar o direito de escolha do cidadão e impedi-lo de fazer uma extração a R$ 5”, exemplifica.

De fato, segundo Pedro Campos Coutinho, gerente da Vigilância Sanitária, muitas vistorias realizadas em clínicas ocorrem devido a denúncias referentes ao espaço físico desses locais, à esterilização dos instrumentos de trabalho. Em 2008, a Vigilância realizou 664 vistorias em clínicas e consultórios, e oito interdições dentre esses estabelecimentos. Duas clínicas não voltaram a funcionar devido ao descumprimento dos requisitos do órgão municipal.

O presidente do Somge ainda ressalta que em diversas clínicas as relações de trabalho são muito frágeis e algumas contratações são feitas apenas verbalmente. Luciano Eloi Santos destaca que a força de trabalho nesses locais é tão pouco valorizada, que o cirurgião dentista chega a receber apenas, em muitos casos, 25% do valor pago pelo tratamento completo. Mesmo assim, excelentes dentistas vão trabalhar nessas clínicas devido ao grande número de profissionais no mercado. Isso explica o crescente surgimento dessas clínicas. As dentistas Carolina e Danielle recebem, hoje, essa porcentagem onde trabalham e contam que em alguns lugares do centro da capital, o valor pago gira entre 23% a 25%. Danielle explica que clínicas localizadas em bairros costumam pagar 40%. “Já trabalhei em uma Clínica no Carlos Prates, mas não compensava. Eu geralmente atendia apenas um paciente por dia”, lembra. Hoje, existem cerca de 900 consultórios e 214 clínicas localizados no centro de Belo Horizonte, cadastrados na Vigilância Sanitária.

Nesse contexto, a panfletagem torna-se uma tendência crescente, devido ao aumento anual da competitividade do mercado de trabalho. Segundo dados do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG), só em 2008, formaram-se 250 profissionais na capital mineira, onde existem cinco faculdades de odontologia. Em todo o estado são 22. Luciano afirma que essas clínicas também absorvem um grande número de recém-formados. Segundo ele, poucos profissionais saem da faculdade e vão direto para um consultório de melhor qualidade. Passar por essas clínicas é um primeiro passo no começo da carreira de diversos profissionais. “Lá eles aprimoram o ofício, aumentam a vivência profissional e, muitas vezes, se deparam com a situação de ter que fazer um procedimento que nunca realizaram antes”, explica.

Dentistas e panfleteiros

A dentista Flávia Baroni exerce sua profissão há três meses e concorda que nessas clínicas, consideradas populares, se aprende muito. Segundo ela, trabalhar nesses locais é uma boa opção para quem se forma e não quer ficar parado.

Recém-graduada, ela atende em uma clínica na Rua São Paulo, centro de Belo Horizonte. Desde o segundo semestre do ano passado, a divulgação dos procedimentos odontológicos realizados é feita através de panfletos. Flávia explica que esse tipo de propaganda é responsável por grande parte dos clientes e que, quando o panfleteiro não trabalha, o movimento cai bastante. Nos anúncios dessa clínica, não é divulgado preço, apenas o telefone e o endereço do estabelecimento junto a um calendário. Diariamente, passam por lá, em média nove pessoas de diversas classes sociais, sendo que a maior parte delas é de classe média.

Ela reconhece que há muita concorrência entre clínicas que oferecem serviços odontológicos na região. Para ter um diferencial, a dentista afirma proporcionar a seus pacientes conforto, uso de materiais confiáveis e oferecer preços acessíveis para satisfazer e conquistar sua clientela. Entretanto, ela descorda daqueles profissionais que cobram valores muito abaixo do normal e acredita que isso se desdobra em uma desvalorização da profissão. “Não acho correto cobrar R$ 5 em uma extração de dentes, esse procedimento dá trabalho”, explica. Flávia costuma cobrar a partir de R$ 30 para realizar esse serviço.

A dentista Bárbara Santos de Andrade, formada há um ano, acredita que se existem pessoas que optam por fazer anúncios com preços é porque deve haver algum tipo de retorno. Mas ela não acha essa atitude correta. “Não somos cabeleireiros que cobram por qualquer corte R$ 20. É nosso conhecimento e profissão que estão em jogo”. Bárbara não gosta da panfletagem de uma forma em geral, e também acredita que esse meio de divulgação desvaloriza um pouco o dentista, mas o considera necessário para atrair clientes. A clínica onde ela trabalha, panfleta desde que abriu, há um ano e meio. Na opinião do também recém-formado em odontologia, João Marcelo Mendes Campos, muitas vezes, a qualidade desses serviços prestados pode estar de acordo com o valor do cobrado pelo tratamento. E também de acordo com o local de trabalho do dentista como lembra Bárbara. Ela admite sentir vergonha do nível de algumas clínicas que já viu e não entende como existem profissionais que aceitam trabalhar em “lugares pesados”, em meio a situações precárias. Quanto aos panfletos, João acredita que, de fato, esse recurso chama a atenção das pessoas, principalmente porque nem sempre elas se dispõem a fazer pesquisas de valores.

O local onde ele trabalha também se localiza no centro de BH e emprega duas adolescentes para distribuir os anúncios. Jéssica Oliveira, 17 anos, trabalha há três meses para essa clínica na parte da manhã e ganha R$ 95 por semana. O valor aumenta quando a garota se veste com uma fantasia e dente e anda pelas ruas de do centro da capital durante algumas horas. Como outros panfleteiros, Jéssica além de distribuir, grita o anúncio e leva os interessados até a clínica para a qual trabalha. Normalmente, ela acompanha, diariamente, de sete a oito pessoas. Em dias de muito movimento, esse número cresce para 20.

Mas o panfleteiro Rodrigo Santos Silva, 29, afirma que, recentemente, há pouca procura pelos consultórios odontológicos. “Ninguém está tendo mais dinheiro para nada. Hoje, só consigo arranjar umas três pessoas”, constata. O panfleteiro começou nessa atividade há mais ou menos quatro meses para complementar o valor que recebe do auxílio seguro-desemprego.

Os panfletos

Segundo o CRO, os estabelecimentos podem adotar esse item para fazer sua exposição e tornarem-se mais conhecidos, desde que enviem os textos antes para que o conselho de ética da profissão faça uma avaliação do material. O presidente do Somge, Luciano Eloi, ainda acrescenta que os panfletos devem ter nome correto da clínica, o nome completo de seu responsável técnico e dos cirurgiões-dentistas que lá trabalham, acompanhados pelo número de registro no CRO de cada um.

Se houver a divulgação de qualquer tipo especialidade odontológica, é de dever da clínica ter um profissional especialista para aquele procedimento e não alguém que apenas saiba realizar o trabalho em questão. No entanto, os panfletos não podem popularizar os termos dos procedimentos odontológicos. Se a clínica oferece a colocação de ‘aparelhos fixos e móveis’, o anúncio deve conter o termo correto, ortodontia. Se for ‘tratamento de gengiva’, periodontia.

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Informassônico [vídeo]

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Os bastidores da Rua Guaicurus

Elas atendem em média de 20 a 50 clientes por dia e cobram valores que variam de R$ 7 a R$ 600. Jovens, velhos, casados, solteiros, pobres ou ricos. Pouco importa quem esteja pagando. À medida que o tempo passa, algumas profissionais do sexo que trabalham nos hotéis da Rua Guaicurus, de 8h às 23h, no centro de Belo Horizonte, vão aprendendo a se abstrair de suas realidades e não ver na frente homens, mas apenas o dinheiro deles.img660-012

Essa é a forma que muitas garotas de programa encontram para lidar com as inúmeras pressões psicológicas do dia-a-dia. Segundo a piauiense Thaís, 28 anos, existem muitos homens que tratam mal as meninas dessa profissão. Alguns as chamam de “piranhas”, falam que elas estão no lugar certo e que não merecem nada na vida. Ela já foi agredida duas vezes, sendo que a mais recente agressão aconteceu porque ela chamou o gerente do hotel para um cliente que não queria pagar o programa. O homem se irritou com essa situação e deu um soco no nariz de Thaís.

Geralmente, as meninas que trabalham nessa profissão tiram um tempo para descansar um pouco a cabeça, já que elas têm muitos momentos de baixo astral e baixa auto-estima. “Nós somos muito carentes, temos muitos homens, mas no final da noite e nas horas difíceis não temos ninguém”, confessa a profissional. Ainda segundo Thaís, por vezes, a questão religiosa também pesa. Ela não se considera católica, porém, acredita em Deus, e às vezes não se sente bem por estar trabalhando em “algo errado”. “Mas eu sei que não é porque estamos aqui, que Deus não vai olhar para a gente”, completa.

Casos de profissionais do sexo que constroem algo na vida são raros. Thaís até arrisca afirmar que a cada 100 meninas, apenas uma consegue alguma coisa, já que o restante se entrega às drogas. “Para entrar nessa vida, você tem que ter um objetivo”, ressalta.

Ela começou a fazer programas há quatro anos, quando se encontrava numa situação financeira muito difícil após o término de um casamento de nove anos. Haviam grandes possibilidades de ela perder a guarda do filho, com então oito meses, já que o juiz que cuidava do caso entendia que, como Thaís não tinha nenhuma fonte de renda – ela nunca trabalhou –, ela não seria capaz de sustentar o bebê. “Dei um jeito de conseguir que meus pais cuidassem dele para mim. No mesmo dia que mandei meu filho, de avião de São Paulo (onde morava com o ex-marido) para o Piauí, com a aeromoça e comecei nessa vida”, recorda.

No início, ela trabalhava numa boate paulista e chorava muito após cada programa que fazia. “É horrível se deitar com um homem que você nunca viu”, confessa. Era a cafetina que levava os homens até Thaís, já que ela ainda era um pouco tímida para tomar alguma iniciativa. Segundo a profissional, com o tempo ela se acostumou, mas gostar “dessa vida”, definitivamente não é o caso. “Nós gostamos do dinheiro. Hoje, eu não vejo um homem na minha frente, só vejo dinheiro”, afirma.

A profissional, que trabalha no Novo Hotel há nove meses, recebe em média 50 clientes por dia e cobra a partir de R$ 15 (programas de cinco minutos), mas a maioria de seus programas varia de R$ 50 a R$ 100. Thaís conta que tem muitos clientes fixos e que, em geral, eles pagam mais. “Tenho um cliente que sempre me paga R$ 600 para eu ficar com ele durante duas horas”, explica. Segundo ela, os que têm melhores condições financeiras justificam que dão mais dinheiro porque têm dó das garotas de programa.

Com o dinheiro que conseguiu na profissão, Thaís construiu uma casa no valor de R$ 80 mil no Piauí, que ficou pronta há três meses e onde atualmente seus pais moram. “Todo esse tempo, investi meu dinheiro na casa. Ela é a casa dos meus sonhos, tudo o que eu sempre quis está lá”, revela. Para a família, a profissional diz trabalhar em um bingo aqui em Belo Horizonte, mas a mãe e a irmã desconfiam dessa versão e, com carinho, dão conselhos à moça para ela se cuidar. Thaís acredita que as duas a compreendem pelo fato de ser mãe solteira e de só investir o dinheiro em “coisas boas”.

A profissional é uma morena de pele bem cuidada, com aproximadamente 1,65m de altura, longos e bem tratados cabelos pretos e traços delicados, que também investe em sua aparência e afirma ainda ter planos de construir em sua cidade (ela não revelou qual era) mais algumas casas para alugar. Thaís ressalta que enquanto for nova e bonita será garota de programa e que nunca pensou em deixar de ser. Ela tem muito medo de voltar à vida de miséria que tinha na infância ao lado de seus sete irmãos.

Entretanto, esse não é o caso da carioca Priscila, 28. Encarar situações inusitadas, ter que estar sempre de bom humor, quando se está com inúmeros problemas pessoais, ouvir insultos e até ter que dar conselhos para “homens velhos” são coisas que ela já não suporta. Como conseguiu há pouco tempo quitar uma casa no valor de R$ 40 mil em sua cidade natal e agora quer apenas comprar um carro, a profissional só está trabalhando 10 dias por mês. Mesmo assim, esse tempo que passa aqui em Belo Horizonte já a deixa muito nervosa, ansiosa para voltar ao Rio de Janeiro. “Acho que aqui no hotel deveria ter uma psicóloga para nós. A coisa aqui é pesada e o nosso psicológico pira. Há algum tempo o dono encaminhou uma das meninas para o psiquiatra porque ela já tinha surtado”, salienta.

No Novo Hotel, há a possibilidade de a hóspede ter exclusividade de um quarto reservado só para ela, como é o caso de Priscila e Thaís. Quando elas viajam, têm a opção de manter os quartos trancados, mas como pagariam do mesmo jeito a diária no período que estivessem fora, preferem deixar que a gerência alugue-os para outras meninas. A maioria dos quartos desse hotel tem as paredes bem pintadas de uma cor no tom palha, possuem camas de casal de madeira, pequenos banheiros azulejados, e, por vezes, alguns móveis como guarda-roupas e criados. A decoração varia de acordo com a hóspede, mas, geralmente, é clara e jovial.

O simples fato de ser observada, o que não é muito difícil, já está deixando-a com muita raiva. Priscila, uma moça morena escura que sempre está de biquíni, chama a atenção com seus 1,85m de altura, pernas grossas e quadris largos.

Segundo Priscila, o problema é que muitos homens param a sua frente, olham-na com o olhar parado e a boca meio aberta, mas não fazem nada. “Isso me irrita muito e às vezes até fico achando que tem algo de errado comigo”, relata. Embora esteja há cinco anos em Belo Horizonte, a carioca diz não ter se acostumado com esse jeito dos mineiros e com a quantidade de clientes que aparecem com pedidos, no mínimo, estranhos.

Priscila também trabalha no Novo Hotel e cobra de R$ 15 (programas de 15 minutos, envolvendo sexo oral e vaginal em uma posição) a R$ 100, e lembra de casos como o de um homem que já pagou R$ 30 para ela apenas “montar de cavalinho” enquanto ele engatinhava pelo chão e, logo em seguida, urinar na boca dele. Outra situação foi a de um cliente que antes de chegar ao hotel, passava numa loja de lingerie para comprar calcinha e sutiã rosa e sempre pedia para que ela “o comesse”, introduzindo o dedo no ânus dele. Segundo a profissional, ela também já recebeu clientes que relinchavam durante a relação sexual, outros que pediam para que ela batesse neles e outros que insistiam para fazer sexo sem camisinha e ofereciam mais dinheiro por isso. “Isso eu não faço de jeito nenhum. Da última vez que teve uma cara que queria isso falei com ele: ‘vai ver você tem AIDS e está de sacanagem, infectando todo mundo. Coitada da sua namorada que, no mínimo, também já está com o vírus porque foi você que o passou”, relembra.

Mas o que mais surpreende Priscila é a quantidade de homens que querem sexo anal e gostam de consolo – artigo erótico no formato de um pênis. “Para mim a maioria aqui é viado encubado e tem medo de pedir essas coisas para as esposas com medo de elas e a família descobrirem”, constata. Priscila só sentiu a necessidade de comprar esse objeto quando veio para BH, depois de nove meses trabalhando no Rio de Janeiro sem ter nenhum caso desse tipo. Por essa e por tantas outras, Priscila já resolveu que trabalhará apenas até o final de 2009 e depois fará um curso para ser cabeleireira. “Tenho que viver. Afinal de contas, estou nova e tenho um bebê gigante de 14 anos para criar”, enfatiza.

Do outro lado da rua

De fato, com R$ 7 não dá para fazer muitas coisas. Em geral, é possível comprar dois pacotes de feijão ou um de arroz (cinco quilos), desde que esses sejam de marcas populares. Às vezes, dois quilos de carne de frango, mas certamente consegue-se pagar o programa de algumas profissionais do sexo que trabalham no Hotel Magnífico, também localizado na Rua Guaicurus.

Geralmente, por essa quantia, o programa dura 15 minutos e elas fazem o “serviço básico” que consiste em sexo em duas posições mais sexo oral. Essas profissionais sabem que o preço que cobram é baixo, mas reconhecem também que se aumentarem o valor, não terão clientes. “Na porta, sempre falo que o preço é R$ 7, mas depois eu peço ‘Ô amor, me dá dezinho’”, revela Cláudia, 33 anos.

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Esquina da Rua Guaicurus com São Paulo. Ao fundo (de verde), o Hotel Magnífico

Ela recebe em média 20 homens por dia e seus programas variam de R$ 7 a R$ 50, sendo que os clientes mais antigos pagam de R$ 20 a R$ 50, e alguns têm a possibilidade se fazer sexo sem camisinha com ela. Cláudia, uma simpática loira de batom vermelho, um pouco acima do peso, que sempre está de salto e se veste com uma camisola preta semi-transparente, tem medo de engravidar de novo, afinal, já tem quatro filhos – de 13, 4 e 2 anos e outro de 6 meses –, todos do mesmo pai, e já está difícil sustentá-los sozinha. Ela foi casada durante cinco anos, e nesse período, abandonou a profissão, iniciada quando era uma moça de 19 anos. Na época, Cláudia começou ao ver que as amigas que se prostituiam ganhavam muito dinheiro. “Mas como eu sempre gastei demais, era difícil economizar alguma coisa”, lembra. Hoje, Cláudia não sabe bem como será o seu futuro, mas tem o desejo de um dia largar sua atual profissão e montar um negócio próprio, tendo assim, seu primeiro emprego. “Gosto muito de cozinhar e quero fazer alguma coisa nesse ramo. Sei fazer feijoada, lasanha, macarronada… De tudo um pouco”, revela.

Cláudia faz parte das 52 mulheres que ficam hospedadas em quartos de no máximo 2m² com paredes encardidas, pintadas de metade branco, metade verde, que possuem um bidê, uma pequena pia e uma cama de alvenaria. Em geral, há apenas uma mesinha de madeira onde, por vezes, fica uma televisão bem pequena e poucos objetos pessoais, mas nada que esboce a existência de uma decoração. Pode-se entender que o aspecto “velho” e mal cuidado do local reflete a própria vida das profissionais que lá trabalham. Mulheres, em sua maioria com mais de 35 anos, geralmente acima do peso, e com pouca preocupação com a aparência. No Hotel Magnífico, as profissionais do sexo costumam andar pelos corredores, geralmente de short e sutiã ou com roupas curtas e bem velhas, e às vezes conversar com algumas colegas de profissão. Lá, os clientes também são de diversas classes sociais, mas o predomínio é de homens de baixa renda.

A paulista Rubi, 32, afirma que essa ausência de “luxo” é pouca percebida pelos clientes. “Os homens quando chegam aqui querem “se conhecer” e receber um bom trato. Eles não reparam nesses detalhes”, conta a morena de 1,60m e de cabelos lisos e pretos que vão até a cintura, que geralmente se veste de biquíni. Segundo ela, muitos homens que recebe, mal sabem como “pegar uma mulher” e o que exatamente gostam que façam com eles na cama. “Tem uns que ficam parados. Daí eu falo ‘Gatinho, programa por telepatia não vale’”, brinca.

Rubi, geralmente, cobra a partir de R$ 8 por cada programa e para atrair clientes, sempre que perguntam o seu preço, ela divulga primeiro: “deixo pegar nos peitos, faço oral, vaginal e mais quatro posições”. Mesmo por essa quantia, ainda há homens que pedem para que ela deixe por R$ 7. Ao que parece, ela não se importa com isso, já que aceita a oferta desde que o dinheiro esteja “trocadinho”. Segundo ela, “a mulher tem que ter um objetivo” e o seu já está bem traçado. Depois de três anos nessa profissão, em Janeiro de 2009, ela deixará de ser garota de programa. “Só entrei nessa vida porque havia perdido o meu emprego em São Paulo e estava passando muita dificuldade, mas isso não é o que eu quero para sempre”, enfatiza. E como é que ela se vê daqui a cinco anos? “Como uma grande empresária, só não sei ainda fazendo o quê (risos)”, afirma.

*** Os nomes citados são fictícios

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Número de profissionais do sexo no hipercentro de BH

Segundo a presidente da associação, Maria dos Anjos Pereira Brandão, a zona boêmia da capital “acabou” porque, além de a diária dos hotéis ser cara, muitas profissionais  caíram na real e viram que essa é uma profissão que desvaloriza a mulher. Dos Anjos, como é mais conhecida, afirma que diversas meninas desistiram da profissão, outras se casaram, foram embora, e estão tentando construir a vida de outra forma.

Atualmente: cerca de 1200 mulheres trabalham espalhadas em 21 hotéis

Novembro de 2007: Mais de 2000 mulheres trabalhavam em 22 hotéis

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A polêmica do Novo Jornal em xeque

por Daniela Nunes
nov/2007

Furos de notícias, matérias não assinadas que são acusadas de beirarem à irresponsabilidade, críticas à partidos como o PSDB, ao Ministério Público e a Walfrido Mares Guia, entre outras figuras do mundo da política. Essa são algumas características do site de notícias Novo Jornal. Um site, da empresa de comunicação Nova Opção, que não disponibiliza algumas informações básicas sobre quem são as pessoas que trabalham nele, o expediente contendo nomes de jornalistas, diretores ou responsáveis e citações de personagens entrevistados. Tantas informações ocultas e polêmicas têm gerado curiosidade, interesse, reclamações e processos por parte de instituições de ensino como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), de jornalistas e nas várias esferas públicas e privadas.

A explicação de Marco Aurélio Carone, diretor geral do site, para todos esses fatos engloba desde o objetivo de tornar público informações políticas que são omitidas pela imprensa, até preservar a identidade das fontes entrevistadas e dos autores das matérias.

Carone concorda que a identificação das fontes daria credibilidade às informações contidas nas matérias, mas, segundo ele, essas pessoas seriam seriamente comprometidas. Sendo assim, ele recorre a três considerações: primeiro, a lei de imprensa determina que havendo um diretor responsável, ele se torna o responsável pelas matérias publicadas. Segundo, muitas matérias que são publicadas no site são feitas por diversos jornalistas de outros veículos que nos pedem para publicá-las, já que no seu veículo isso não seria possível. Terceiro, “Minas Gerais é um Estado que marca as pessoas”.

O diretor geral do Novo Jornal conta que prefere ser responsabilizado por todas as acusações a deixá-las a cargo dos profissionais que contratou. Para Carone, não importa mais se as pessoas baterão ou não de frente com ele, mas diz considerar que os três repórteres que trabalham no site têm muita carreira pela frente e que é melhor que eles não sejam “marcados” no mercado de trabalho.

Os conteúdos controversos atingem a diversas pessoas como, por exemplo, o Procurador de Justiça Jarbas Soares Júnior que vem sendo alvo de acusações mais acirradas nos últimos dois meses. Andrea Vieira, sua assessora diz que ele não moveu nenhum processo contra o site, mesmo considerando esse fato. Segundo ela, Soares Júnior se recusa a comentar as criticas por considerá-las criminosas. Para o procurador, trata-se de um assunto de polícia, como informa a assessora.

O Promotor Geraldo Ferreira também não moveu nenhuma ação, por entender que isso não valeria a pena, já que considera a pessoa por traz dessas acusações “um zero à esquerda”, que não tem nada a acrescentar ao mundo. Segundo ele, as críticas que foram feitas são falsas e que prefere não falar muito sobre o assunto.

Carone responde, a muitos que consideram as notícias do site irresponsáveis, assim: “Realmente essas pessoas estão certas. Só um louco e irresponsável colocaria determinadas notícias num site, como eu coloco”. Sobre o site, ele ainda afirma que esse veículo continuará em formato virtual, já que a sociedade caminha numa linha evolutiva da veiculação da informação e não seria condizente se ele fizesse o Novo Jornal em versão impressa.

O Novo Jornal, onde trabalham apenas oito pessoas, foi registrado em 2002 com a razão social Nova Opção Ltda. No entanto, a empresa existe desde 1994, sob o nome de Restaurante Nova Opção, localizado na BR 381, em Betim. A empresa tinha como sócio o casal de chineses, naturalizados brasileiros, Drew Wang e Chang Haiping De Wang. Em 2000, o então deputado estadual Marco Aurélio Flores Carone assumiu a titularidade da empresa transformando-a num veículo de comunicação. Mudaram-se parte do nome e a atividade também, segundo dados do registro de constituição de empresas fornecidos pela Junta Comercial do Estado de Minas Gerais.

Primeiro registro de constituição de empresa do jornal

Registro de constituição de empresa

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